O Greenwich Mean Time, baseado no primeiro meridiano de Greenwich, tornou-se a referência mundial do tempo numa conferência celebrada em 1884 em Washington.
"Compreendemos que o Reino Unido tenha este sentimento de perda", declarou Elisa Felicitas Arias, diretora do Departamento de Tempo do Escritório Internacional de Pesos e Medidas, responsável por definir o quilo e o metro.
A nova definição propõe a libertação total do tempo "solar", baseado na rotação da Terra e medido pelos astrónomos há mais de 200 anos a partir do meridiano de Greenwich.
Na realidade, há 40 anos que o mundo não é gerenciado pelo horário GMT, que continua a ser a hora oficial da Grã-Bretanha e ainda é utilizado como referência em todo o mundo.
Uma conferência internacional adotou em 1972 o "Tempo Universal Coordenado" (UTC), calculado em 70 laboratórios do mundo por 400 relógios "atómicos" (batizados assim porque o segundo é definido pelo ritmo de oscilação de um átomo de césio)
O tempo atómico tem a vantagem de ser muito mais preciso, mas difere por frações de segundo do tempo definido pela rotação da Terra.
Atualmente, para guardar a correlação com a rotação terrestre, um "segundo intercalado" é acrescentado aproximadamente a cada ano. E agora os cientistas propõem suprimir este segundo, abandonando com isto a correlação com o horário GMT.
A mudança é necessária em consequência do funcionamento das redes de telecomunicações ou de navegação com a ajuda dos satélites através do GPS. "Estas redes precisam de uma sincronização do nível do nanosegundo", explica Arias. E como alguns sistemas aplicam o "salto" de um segundo e outros não, a interoperabilidade está comprometida. "Começaram a ser criadas escalas de tempo paralelas. Imaginem um mundo com duas ou três definições do quilo", afirma Arias, alarmada.
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Meridiano de Greenwich |
Perante as dúvidas, a conferência da Royal Society, a academia de ciências britânica, pode deixar aberta a possibilidade de ajustes futuros.
"A conferência pode refletir outra maneira de correlacionar o tempo de rotação da Terra", sugere Arias. Uma possibilidade é adicionar uma hora a cada 600 anos. "Depois de tudo, saltamos uma hora como no horário de verão", argumenta.
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