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domingo, 11 de março de 2012

Numa pequena aldeia de Avis, uma mulher vive enclausurada desde os 14 anos. Terá sido abusada e o pai mantém-na refém. Vive como um animal, com sinais de demência. O ‘segredo’ é conhecido por todos, mas poucos fizeram alguma coisa para a recuperar para a vida.


Está fechada em casa há quase meio século. A casa, onde Maria Perpétua Violante vai morrendo aos poucos, causa estranheza a quem chega. Se não se conhecesse a sua história, dir-se-ia que ninguém existe por trás daquelas paredes. Os vidros grossos e foscos de um verde estridente, ladeando a porta principal, ferem a simplicidade do restante casario, de rosto de cal e faixas amarelas ou azuis, que emboneca a aldeia alentejana de Benavila, junto à barragem do Maranhão (em Avis, Portalegre). A porta do n.º 2 da rua Dr. Júlio Varela da Conceição e Silva nunca se abre, nem para o carteiro, que há muito desistiu de bater.


Ao lado da entrada, a única janela que dá para a praça, sem cortinas, adensa o mistério. À direita, o vidro martelado impede a visita da luz e qualquer visibilidade para o interior. Na parte esquerda, colada ao vidro liso, uma placa de madeira castanha impede os olhares curiosos. De repente, a casa anima-se de uma ira que só a solidão movida por um terrível segredo explica. A placa de madeira desliza, não mais que a largura da palma de uma mão, e os olhos negros de Maria Perpétua, pendurados num rosto de lua cheia branco como a cal, descobrem o movimento inesperado na rua.


Num instante, Maria Perpétua atravessa a casa e refugia-se no pequeno quintal de muros altos onde o pai, cúmplice do seu cativeiro, arrasta lenha para a chaminé de barro que os aquece no rude Inverno. António Espinheiro, 91 anos, é a única companhia da filha. A mulher morreu há muito e, dos cinco filhos do casal, apenas restam Maria Perpétua e dois irmãos, que estão proibidos de entrar na casa e que, como tantos alentejanos, partiram em busca de melhor sorte. A voz da mulher, igual aos ganidos histéricos de um coiote, solta-se em imprecações e insultos contra o pai: «Está uma mulher à porta, seu c… Está uma mulher à porta, seu c…».


As explosões de raiva contra o pai são bem conhecidas das gentes da aldeia. O povo já não lhe adivinha o rosto, muito menos o sofrimento, apenas lhe conhece os gritos, as injúrias que parecem ser o seu único espaço de autonomia. Aos insultos, António responde sempre em tom inaudível, para não promover falatórios. Quando se pede uma descrição a partir das memórias que guardam da adolescente que com apenas 14 anos se enclausurou, só se obtém traços gerais. Dizem que tinha um espírito vivo, cabelos compridos sempre bem penteados, olhos sorridentes e voz de uma musicalidade maravilhosa. Era curiosa, procurava as coisas atrás das coisas.


Abusos na adolescência


Mas o mal que aflige Maria Perpétua, hoje com 55 anos, todos conhecem ou pensam conhecer. Já a tinham esquecido, remetida à condição de fantasma, quando o SOL entrou na aldeia para remexer no passado. De início, vizinhos e familiares pareciam participar no mesmo entusiasmo por libertá-la e assim se libertarem do fardo desagradável.


Bebiana Sombreireiro – uma das suas primas, que com ela partilhou os sonhos rosa da infância e adolescência – escuta, encostada ao portão de ferro, os mesmos sussurros desesperados. Foi a ela que Maria Perpétua confidenciou o seu drama, há 40 anos. A vergonha e o medo levaram-na a fazer um pacto que não mais quebrou: despegar-se do mundo, e fechar-lhe as portas.


Síndrome de Estocolmo


António Coimbra de Matos, decano dos psicanalistas em Portugal, passa em revista mais de meio século da sua vasta experiência, mas nunca viu nada assim. A atitude de Maria Perpétua enquadra-se na tão badalada ‘síndrome de Estocolmo’ – desvio mental desenvolvido pelas vítimas de sequestro e que ficou muito colado a Natascha Kampush, a garota austríaca sequestrada aos 10 anos por um pedófilo e que assim permaneceu até fugir em 2006, oito anos depois. «Esta mulher deve estar muito mal, numa loucura de isolamento. Vê o mundo apenas através do pai, com quem mantém uma relação ambivalente. Por um lado odeia-o, daí os insultos, por outro aceita, porque está na sua estrita dependência e ganhou medo ao mundo circundante».


O estado primitivo em que a mulher vive há quase meio século não escapa à análise: «Essa voz é de contacto social, de estímulos, vive como um bicho numa jaula». Coimbra de Matos deita também a aldeia no divã: «Todos se defendem e atiram a responsabilidade para o pai, mas os pais já não têm essa autoridade absoluta sobre os filhos. A aldeia foi de uma cumplicidade passiva e também não quer pôr a sua honra em causa. Isto é um caso para o Ministério Público, que tem como obrigação proteger os cidadãos indefesos. Se eu fosse delegado, já tinha feito uma conferência com o delegado de saúde e o psiquiatra da zona e afastava aquele pai, que está a impedir que a filha se trate. Isto pode ainda acabar como o caso de Beja, em que o pai matou e suicidou-se depois».


Foi feita há duas semanas uma denúncia ao Ministério Público da comarca de Avis. Nídia foi ouvida logo como testemunha e a prima Maximina também se deslocou ao tribunal, deixando os seus contactos, mas ainda não foi chamada. O pai de Maria Perpétua tomou conhecimento da presença de jornalistas e ninguém lhe põe a vista em cima. A própria aldeia fechou-se num silêncio frio. Maria Perpétua continua no cárcere e, abalada pelas vozes de quem passa na rua, espreita como um animal treinado para afastar estranhos. E assim vai ficar, até ser demasiado tarde para a ajudarem.

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Genial! No futuro vai ser maravilhoso eles e até a filha ver como evoluiu a barriga.

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Farmville real criado em Beja


O famoso jogo FarmVille tornou-se realidade graças a um projecto «inovador» do Instituto Politécnico de Beja (IPB), que permite gerir hortas reais através da Internet, sem «mexer na terra», e receber em casa os produtos produzidos.

O projecto MyFarm.com, desenvolvido por um professor e cinco alunos do IPB, transpõe para a realidade a lógica do Farmville, no qual o jogador gere uma quinta, em que, por ser virtual, nunca chega a provar o que produz.

O MyFarm.com permite a uma pessoa, residente num meio urbano e que «não tem tempo ou paciência» para hortifruticultura, ter uma horta real gerida pela Internet, explicou à Agência Lusa o professor e coordenador do projeto Luís Luz.

Através do projeto, o cliente pode produzir os produtos que quiser e sem «mexer na terra», porque só tem que gerir a horta pela Internet e todo o trabalho de campo é feito pela equipa do projeto.

Os clientes «controlam a sua horta totalmente na Internet», como no jogo, mas têm a «grande vantagem» de aquela ser real, «ao ponto de receberem» os produtos em casa e de «saberem como foram produzidos, desde a sementeira à colheita», frisou.

A equipa está a aceitar pré-inscrições para o MyFarm.com, cuja fase piloto, num investimento de 10 mil euros, destina-se a clientes da cidade de Beja e da vila de Cuba e vai funcionar em 20 parcelas, com 49 metros quadrados cada, do Centro Hortofrutícola do IPB.

«Já temos 18 pré-inscrições» e a fase piloto deverá arrancar «ainda este mês ou em Abril», disse Luís Luz, que, a médio prazo, espera alargar o projeto aos grandes centros urbanos do sul do país.

Após inscrição, o cliente regista-se em www.myfarm.com.pt e adquire, por 60 euros, os pontos necessários para pagar a primeira mensalidade da renda da parcela e os primeiros trabalhos na horta.

A parcela é arrendada por um mínimo de seis meses e o cliente tem um custo fixo de 25 euros/mês, relativo à renda e ao qual acrescem custos variáveis e associados aos trabalhos na horta: cavar a terra, semear, regar, mondar ou colher.

Na área pessoal, o cliente, através de uma planta virtual, 'desenha' a horta ao escolher e arrastar os produtos para a parcela e ao definir as áreas a semear, de acordo com a época do ano.

Ao mesmo tempo, surgem dados auxiliares da gestão, como uma estimativa dos custos totais de produção e das datas de colheita, e, no final, as decisões do cliente são enviadas ao respetivo gestor, que as implementará no terreno.

O cliente terá, na área pessoal, as informações sobre o desenvolvimento da horta, que poderá observar via internet, já que será filmada 24 por dia através de câmara web.

As operações na horta são pagas quando forem pedidas, explicou Luís Luz, garantindo que o custo dos produtos, após entrega, será, na maioria das vezes, “inferior ou muito semelhante” aos preços de mercado.

«O cliente não tem que perceber de hortifruticultura», porque, sempre que for necessário fazer trabalhos na horta, o gestor informa e aconselha o cliente, que tem a decisão final.

O MyFarm.com, um projecto «inovador» e «semi-académico», permitiu criar uma empresa e o objectivo é que, depois de «afinado», se torne um negócio para os alunos envolvidos, alargando-o a centros urbanos, como Lisboa, Porto e Setúbal, «onde há um mercado efectivo», disse.

Iguaria Mexicana feita com objectos

Comias?

Joseph Kony 2012

À poucos dias postamos aqui o vídeo do criminoso mais procurado do mundo, Joseph Kony. Contudo estava em inglês e algumas pessoas não entendiam. Por isso voltamos a postar, mas desta vez, legendado em português.