sintoniza-te ainda mais

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O Teu Beijo


Quando Deus criou o amor mal sabia ele que eu ia sofrer por ele. Desculpa ser egoísta e falar só de mim e esquecer-me dos milhões de pessoas na mesma situação, mas é que só eu gosto de ti, Júlia. E só eu sofro por ti como nenhum homem neste mundo sofrerá.

Dói-me o coração de saudade de ti. Dos teus olhos, da tua boca e do teu sorriso encantador. Quando te foste embora, deixaste-me ali de joelhos e com a dor a aumentar. Apertava-me o peito, a dor, o perigo de te perder. Sentia-me na ponta de uma falésia e quando saíste de casaeu caí. Mas não senti dor nos braços, nas pernas, no corpo. Só sentia o vazio do coração, do lugar que preenchias, e esqueceste-te de mo devolver. A dor é tão grande que nem a consigo pôr para palavras. Já muitos tentaram. Mas como é que o Miguel Esteves Cardoso, a Florbela Espanca e milhares de outros pensadores e escritores conseguem descrever a falta que só tu me fazes? Eles não sentiram a dor que é perder-te, especificamente a ti. 

Eu devo ser a pessoa mais difícil de se apaixonar no mundo, mas tu tiveste esse privilégio. Fizeste-me sentir o que é a paixão e agradeço-te por isso, por posso dizer a toda a gente que senti o que é estar apaixonado. Fizeste-me apaixonar-me por ti. E no final de contas, para quê? Para quê que serviu estar apaixonado? Partiste na mesma. Abandonaste-me. Deixaste o meu coração a lacrimejar. Quando foste embora ainda tiveste a lata de me dizer que a culpa não era minha, mas sim tua: Como? Como é que podes ser a responsável por eu te deixar desapaixonares-te de mim? Por eu não ter dado mais a ti. Não te ter encantado todos os dias que passavam. Mas nada disso importa mais. A realidade é que partiste e me deixaste, e eu vou ter enfrentar um longo caminho sozinho. Mas não te preocupes, eu vou ficar bem! Quanto mais não seja quando morrer. A morte não mata o amor, mas mata a minha consciência, e espero que mate a minha dor.  

Eu juro que tento relembrar-me de ti pelos bons momentos mas não consigo... Dizem que o tempo cura tudo, inclusivamente o coração. Mas para curar o coração precisava de o ter. Queria que nunca mo tivesses levado. Todos os dias espero pelos correios para trazerem o meu coração, mas esse dia nunca chegou. Nem sei se chegará. 

Desculpa este desabafo mas como é que se consegue esquecer algo que era maravilhoso? 

Já te disse que sinto falta, todos os dias, dos teus lábios? Quem não sentiria falta? Os teus lábios beijavam ternamente os meus, a minha face e toda a superfície do meu corpo e faziam-me sentir em casa. Porque no final de contas, tu eras a minha casa. O sitio de onde eu fugia do dia violento de trabalho e me mimava com carícias e beijos. Eras o meu refúgio. Esperava ansiosamente pelas seis da tarde para sair do trabalho e chegar a casa para o pé de ti onde sei que me receberias com muitos beijinhos e me acolhias num abraço apertado. Sentíamos o coração um do outro a palpitar velozmente e acabávamos aos beijos ternurentos  que passavam às carícias e que passavam ao amor. 

No dia seguinte acordava mais cedo para te preparar o pequeno-almoço. Café com leite, mas pouco, preparava-te umas torradas e levava-te à cama onde me esperavas e me olhavas com uma cara ternurenta e doce. Pedias que me aproximasse de ti só para me dares os "bons dias" com um beijo matinal. Mas era só isso que eu precisava. O teu beijo era o meu combustível para o dia, sem ele eu não tinha energia para aguentar o dia todo. Talvez tenha sido isso, que nos afastou, a falta do teu beijo matinal. A dada altura eu chegava com o pequeno-almoço mas ainda estavas a dormir, e eu bom namorado que era não te queria incomodar. Os dias, as horas, os minutos custavam tanto, mas tanto, a passar. A meio da manhã já não sentia grandes forças para o resto do dia e chegava a casa cansado. Tão cansado que nem energia tinha para fazermos amor. A verdade, é que continuaste a não acordar a tempo para o meu beijo de bom-dia e eu ia chegando cada vez mais cansado a casa. Fomo-nos afastando. Comecei a viver num mundo diferente do teu. 

Agora, olhando para trás, a culpa de te ter perdido é minha e só minha. Fui eu que não tive a displicência para te notificar da importância do teu beijo matinal para o meu dia. Para a minha vida. Para a nossa relação. Quando disseste que a culpa de acabarmos era tua, eu aceitei pois é mais fácil aceitarmos que todo o mal que nos acontecesse é culpa do outro. Mas o tempo fez-me perceber o quão errado estava em não ter posto logo a culpa a mim próprio e antecipado este desfecho. 

Quem sabe o que poderia ter sido diferente. Quem sabe se alguma vez terias saído de casa e a aquilo que tínhamos ter terminado.  

Se, se, se. De que adianta viver no se? Agora é tarde demais. O importante é nunca deveria ter deixado as coisas chegarem aos ses. 

O Tempo




Querida Luísa,


Não sei o que dizer passados tantos anos. É incrível as voltas que damos na vida e como, por vezes, não conseguimos entrar na onda dela.

Quando me sentei na mesa à tua frente na escola nunca julguei que íamos viver o que vivemos e levarmos com os pontapés da vida.

Mandavas-me mensagens e eu respondia-te. Estavas interessada em conhecer-me mas eu não me dava a conhecer. Querias que acontecesse algo entre nós, e eu não me apercebi... a tempo. Tempo. Essa coisa má que nos faz esquecer os momentos melhores da nossa vida, nos transforma em adultos e nos faz perder toda a magia da adolescência, onde parece que as coisas têm um sabor diferente. Tudo é colorido e animado. Onde podemos errar sem graves consequências. Mas eu, errei, e sim, teve graves consequências. Perdi a mulher da minha vida. Tu, Luísa.

Com o passar do tempo e com aquilo que achavas que era o meu desinteresse, foste-te fartando de mim, até ao ponto em que deixaste de me mandar mensagens. Eu não dizia nada, mas por dentro, queria-te dizer tudo. A quanta falta me fazias. Quanta falta sentia das tuas mensagens, da tua agressividade amorosa. De ti.

Dei por mim, a acordar a pensar em ti, a passar a manhã, a tarde e a noite a pensar em ti, até me deitar à noite cansado, mas não de pensar em ti. Todos os dias eu olhava para o telemóvel à espera, simplesmente à espera que me voltasses a escrever a mandar uma mensagem. Ficava com a tua janela do messenger aberta à espera que aparecesse Luísa está a escrever... Mas esse dia nunca veio.

Deixei o tempo passar, dias... Meses. Porquê não sei ao certo, suponho que para ganhar coragem para te mandar mensagem.

Mas durante esses meses apareceu uma pessoa. Uma pessoa na tua vida. Esse tal de Roberto. Nunca consegui perceber qual era a vossa relação. Se era amizade, se era romance ou outra coisa qualquer. Mirava as tuas publicações para perceber o que se passava entre vós e poder-te, finalmente, dizer o que sentia. Mas nunca percebi, até hoje. Não quero que me vejas como stalker, mas pelo amor fazemos coisas sem nexo.

Queria ter-te dito, ainda quando querias ouvir, o Amo-te. Mas não fui capaz. Muitas das vezes, nós somos os inimigos de nós próprios mas achamos que o mundo conspira contra nós e não nos apercebemos que somos nós que conspiramos contra nós próprios. E o tempo, não nos perdoa. Não me perdoou. E perdi-te.

Mas hoje, percebo que a culpa não foi do Roberto, do tempo, da vida e muito menos tua. A culpa foi simplesmente minha. Porque tanto na vida, como na música, falhas o tempo e tens tudo estragado. Perdido. Mas ao contrário da música, na vida dificilmente terás a tão ansiada segunda oportunidade. As coisas são efémeras, a vida é efémera, e o tempo vai passando por nós, faz-nos crescer, muda-nos a mentalidade, faz-nos até esquecermos-nos da magia da vida e, no fundo, tudo o que nos resta e levamos da vida são as memórias. Memórias que criamos das brincadeiras que tivemos, dos beijos que trocamos, das viagens que fizemos. Porque quando sabemos que chega o fim da nossa vida queremos ter a certeza que aquilo que nos resta são boas memórias.

Não consigo saber o que teríamos sido, e calculo que nunca saberei, mas espero que saibas que amar-te-ei sempre. Estejas aonde estiveres, um dia havemos de nos encontrar novamente e tomar um café. Espero que haja cafés nos céu.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Para a vida toda




Paramos junto ao mar, o sol estava a pôr-se e deixava-nos apreciar os seus tons laranja. Segurei-te na mão e fixei o meu olhar em ti. Os teus olhos cor de canela cruzaram-se com os meus e passado uns segundos sorriste envergonhada. – Ai o que foi? Tenho a cara suja? Não! – Respondi-te eu. – É no cabelo? Está sujo? Não, princesa! Então? Porquê que estás a olhar assim para mim? Olhei por um momento para o mar e depois voltei a olhar para ti. Os teus olhos, o teu rosto moreno, os teus lábios, o teu cabelo… Tudo era perfeito. Por fim, respondi-te: Olho assim para ti porque todos os dias me apaixono por ti. Apaixono-me, pelo teu cabelo longo escuro de cetim, tão macio e brilhante. Apaixono-me, por essas pestanas que tentas arrebitar com rimel, mas para mim são perfeitas de qualquer forma. Apaixono-me, por esse teu narizinho arrebitado. (Ela sorriu). Apaixono-me por esses teus lábios lindos e carnudos que só mos apetece beijar. Apaixono-me, por essa tua pele morena, lisa, macia e cheirosa que só me dá vontade de acariciar. E essas tuas covinhas que fazes quando sorris? – Sim essas mesmo! Apaixono-me cada dia que passa por tudo o que está dentro de ti. És a miúda mais inteligente que conheci. Pela tua bondade, simplicidade e manteres-te sempre fiel àquilo que és, aos teus valores, àquilo que aprendeste. Apaixono-me, por dares sempre a mão ao teu amigo que de ti precisa, mesmo quando dias antes, a cara de ti desviava. Apaixono-me por te a mim dedicares. Apaixono-me, por quando me ferem, ferida te sentes. Obrigado por cuidares de mim e me teres transformado no homem mais feliz a caminhar à face da terra! Amo—te. Hoje e sempre! Amo-te em todas as línguas, em todas as culturas e em todos os lugares. As covinhas não saíram do teu rosto, mas a elas juntaram-se algumas lágrimas. Abraças-te a mim e eu e tu, sabemos que é para a vida toda.